quarta-feira, 25 de abril de 2012

Puta que pariu, de novo.

Olá. Tudo bem com você?

Provavelmente você me responderia que sim, que está tudo bem. E em seguida, você soltaria a pergunta que eu mais odeio responder: "E com você, tá tudo bem?".

Adoraria mesmo responder que sim.

Sexta-feira passada mamãe voltou a falar comigo. Ou melhor, berrar comigo (Não falei? Eu sabia que ela voltaria a falar comigo da forma mais estúpida do mundo, eu sabia...). O "moio" foi o seguinte:

Algum amigo do meu pai (algum filho da puta que eu realmente gostaria muito de matar se fosse possível e se eu tivesse coragem suficiente para tal tarefa) me viu passando na rua fumando. Meus pais não sabiam. Chego a pensar que foi uma completamente criancice esconder isso dos meus pais. Mas é porque eles são completamente contra os cigarros, porque faz mal, pode me levar para o caminho das drogas e etc... Voltei a fumar porque meu estresse intenso vai e volta como ioiô e não encontrei nada melhor (ou pior) para relaxar do que um maço de Marlboro. Eu já fumava antes, mas parei por uns tempos. Eu fumava por curtição. Hoje fumo para ver se consigo tirar a angústia dentro de mim junto com a fumaça. E também porque gosto. Falar com pessoas nem adianta muito. O cigarro relaxa um pouco sim. Tá bom, tá bom... Eu sei que faz mal! Não gostaria que fizessem o mesmo, mas eu costumo colocar a minha própria conta em risco, então... Eu liguei o foda-se. O que é uma merda pra quem tá cagado afinal, né.

Enfim... O cara perguntou pro meu pai se eu fumava. Meu pai em choque disse que não, não que ele soubesse. Só sei que depois meu pai contou pra minha mãe, e ela veio soltando os cachorros pra cima de mim. E DE NOVO (puta que pariu, mas DE NOVO... !) nós brigamos. Disse toneladas de grosserias e maluquices. Não cheguei a surtar como da outra vez, mas chorei bastante. Não pela bronca em si, mas... Mas que caralho, brigamos de novo, estou cansada dessa merda!

No dia seguinte fui ao cemitério visitar o túmulo da Mitsu, já que era o aniversário dela. Psicologicamente eu ainda estava frágil depois da noite anterior, mas mesmo assim fui. Minha amiga Ellen estava comigo, e acho que pela primeira vez na vida dela ela me viu chorando feito criança. E estávamos num ônibus. Eu infelizmente não consegui segurar as lágrimas. E enquanto eu explicava pra ela o status que deixei no Facebook, eu sentia apertos estranhos no peito, como se cada palavra que eu repetia que minha mãe havia me dito furasse profundamente o meu coração.

Aliás, hoje mesmo fui à um centro de psicologia lá no Ipiranga, me submeter à umas sessões. Já que o SUS gosta de me enrolar e me ver na merda, então achei esse. Eles fazem atendimentos gratuitos. É de curta duração, até o SUS parar de fazer cu doce e resolver me ajudar. Foi apenas minha primeira consulta, a triagem. Aquela falação toda, quando tudo começou. Veremos no que isso vai dar dessa vez.

Me despedi da minha amiga lá no Gethsêmani pedindo muita força pra mim e uma luz na cabeça da minha mãe.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Feliz aniversário, my best.

Hoje é dia 18 de abril. Um dia muito feliz pra você. Você estaria completando 20 anos. Estaria comemorando seu aniversário, se a vida não tivesse sido tão cruel.

Mas vamos supor que nada tenha acontecido à você. Provavelmente você teria acordado cedo, mesmo não estando trabalhando. Acordada no pique, com muita vontade de ver seus amigos e sair por aí. Mas você à esta hora estaria tomando café da manhã com o seu pai, pensando em qual roupa vestir para dar uma caminhada pela orla da praia, afinal você estava morando no Litoral, deixando para trás o estresse de São Paulo. Você estava sem os seus incontáveis amigos. Apenas você, seu pai, seu bebê e Deus.

Ah sim, você estava grávida. Lembro muito bem que você tinha muitos planos em relação ao futuro do bebê. A começar pelo nome dele. Se fosse menina, seria um nome bem único. Você tinha me dito vários nomes, mas você tinha curtido um em especial: Melody. Parece maluco chamar sua filha assim; eu estranhei, a Ellen estranhou. Mas te agradava muito, porque eu via um certo brilho nos seus olhos. E se fosse menino? Ficamos sem saber o nome.

Será que você me chamaria pra sair hoje? Lembro que nos seus aniversários sempre acontecia alguma coisa de bom. Festinha, bolo, gente te dando carregamentos de presentes... Eu nunca pude te dar um presente porque nunca me sobrava dinheiro, mas você não se importava. Dizia que minha amizade era mais importante que qualquer coisa material. Eu achava isso lindo em você. Não se importava tanto com o material... Quer dizer, só um pouco. Sempre ia pro shopping à cada semana pra comprar mais roupas e quilos de maquiagem que eu particularmente não usaria.

Era incrível como sempre arranjávamos algum rolê maroto só para bebermos. Íamos para todos os tipos de rolês. Sem nenhum arrependimento. Lembro que você bebia pra caralho, mais do que a sua rodinha de amigos do cursinho do Etapa, que apesar de aparentarem nerdice, eram os "alambiques" da turma. E claro, sempre ficávamos bêbadas. Você até ficava caída por aí nas ruas e nas baladas, falando mais merda que o normal e passando bem mal. Mas tudo isso era compensado pela diversão. E pelo estresse no final porque eu ficava muito puta quando você ia embora com uns putos que você nem conhecia direito, meio que nos abandonando depois. 

Lembro que você tinha 4569356384658375835928652895 coisas pra comprar. Dessas 4569356384658375835928652895 coisas, umas 2568475678684768576845899 eram relacionadas ao seu namoradinho Hideo e aos seus dois grupos de K-Pop preferidos: Super Junior e B2ST (ou Beast). Eu apoiava plenamente a sua aquisição de um Nintendo DS e um Wii.

Você odiava me ver mal. Procurava sempre me deixar alegre com simples palavras: "Ah mano, manda todo mundo ir se foder e pronto!". Procurava levantar minha auto-estima, dizendo que eu era linda, que eu tinha que me valorizar, que queria ter os lábios que eu tenho, a bunda que eu tenho, que se eu começasse a tomar anti-concepcional e fizesse academia eu ficaria "super gostosa"...E daí inventamos de dançar break dance. Foi o maior epic fail de nossas vidas; primeiro, porque nós não sabíamos dançar, e não tinhamos desenvoltura pra isso; e segundo porque aquele não era o meu mundo, não era a minha praia. Minha praia era rock 'n' roll, coisa velha e animes. Você sabia, mas segundo você, eu tinha que "ampliar os horizontes, procurar curtir coisa nova". Acho que não funcionou, viu?

E as P.E.T? Paula, Ellen, Tifany. Talvez tenha sido a coisa mais engraçada que eu já vivenciei. Eu não costumava participar de grupinhos e panelinhas, mas você criou esse aí e eu achei divertido. Éramos inseparáveis, puta que pariu! Tinha até comunidade no Orkut e tudo.

Muita coisa nós fizemos. Quer dizer, você fez.

Mas acho que a coisa que eu mais odiei que você tenha feito foi ter se afastado de mim, da Ellen e da Ju. Tá bom que você a Ju nem se falavam direito e etc, mas até ela ficou um pouco chateada. Imagine como eu e Ellen ficamos. Eu não sei, depois que você começou a namorar o pirralho eu sentia que você estava começando a achar que o mundo girava em torno de vocês dois apenas e pronto. Isso me deixou triste, você aos poucos estava trocando nossa amizade de anos por um namorico de meses. Mas você estava apaixonada. Loucamente apaixonada. Tão apaixonada que largou tudo pra viver no Litoral de São Paulo depois que engravidou. Parecia que você havia se esquecido de todos os seus sonhos que você contava pra mim: da sua faculdade de Direito, do seu apartamento na Santa Cecília ou em algum outro bairro cool por aí, do seu tão sonhado carro...

E parece que a vida lhe deu o certificado de missão cumprida no dia 31 de agosto de 2011.

Feliz aniversário, my best. Tudo de bom pra você. Deixe os doces pros anjos, e dê o primeiro pedaço do bolo para seu pai que está bem aí ao seu lado, por ele ter te acolhido no momento mais difícil que você passou por aqui. O segundo pedaço dedique à sua mãe, porque ela te ama muito, acima e apesar de tudo o que ela já disse à você. O terceiro dê à sua filha/filho (fiquei sem saber o sexo!). O quarto dedique ao pirralho Hideo, porque ele também te socorreu nas horas que você mais precisou e você o amava muito, apesar dele ter afastado você de mim. E o quinto pedaço dedique à mim, à Ellen, à Ju, à Mari, à Twin Cendi, ao Alex, ao Viotti, ao Rafa, ao Mika... E pra todos aos seus amigos que estiveram ao seu lado.

domingo, 15 de abril de 2012

Eu gosto de você.

Eu gosto de você.

Gosto do jeito como você me olha, procurando saber as respostas de todas as suas perguntas, escondidas na minha alma, através do brilho dos meus olhos. Gosto do seu olhar de todas as maneiras. Gosto mais ainda quando seu olhar vai do mistério à malícia em poucos segundos quando estamos num mundo de idéias só nosso. Automaticamente me rendo, me torno sua cúmplice, sua amiga, sua serva.

Gosto do jeito como você sorri para mim. Principalmente quando faço algo que você gosta. Gosto do seu sorriso de todas as maneiras. Gosto mais ainda quando você sorri malicioso, brincando com a minha sanidade, testando minha resistência. Mas sempre eu perco esse joguinho. Seu sorriso largo e vulgar me prende à você e aos seus ardilosos caprichos.

Gosto do jeito como você me beija, varrendo e molhando meus lábios com seu carinho. Até um simples roçar de lábios me faz pensar em coisas altamente eróticas em relação à você. O seu beijo sempre é seguido por uma sequência de dedos enrolados em meus cabelos, tudo com carinho e volúpia, me segurando à você, me prendendo à sua libido. Gosto do seu beijo de todas as maneiras. Gosto mais ainda quando seus beijos se espalham por casa parte do meu corpo, deixando marcas. Suas marcas. Você sabe que eu pertenço à você. Inteiramente.

Gosto do jeito como você me toca. É sempre um arrepio novo que eu sinto cada vez que suas mãos deslizam pela minha pele. As pontas dos seus dedos parecem serem mágicos, tocando minhas partes sensíveis, me atiçando. Gosto do seu toque de todas as formas. Gosto mais ainda quando você me toca com uma certa voracidade, como se suas mãos fortes quisessem me devorar. E claro, eu sempre permito que suas mãos destruam meu juízo com um simples mas delirante toque nas intimidades do meu corpo.

Gosto do jeito como você fala comigo. Sua voz é um misto de serenidade com masculinidade, e isso me encanta de alguma forma. Parece um cavalheiro, só que mais urbano, mais engraçado, faz exatamente o meu tipo. Gosto da sua voz em todos os tons. Gosto mais ainda quando ouço sua voz pela manhã, assim que acorda. Com aquele seu jeito sonolento... Me desejando um "bom dia" com a voz rouca, deliciosa. E me faz querer fazer amor com você logo cedo, sem hora para terminar.

Ah... Gosto do jeito como você transa comigo. Sempre parece ser a primeira vez. Nunca é a mesma coisa. Nós fazemos puro e luxurioso sexo. Gosto do seu jeito de transar comigo de todas as maneiras. Gosto mais ainda quando você me domina. Sexo selvagem. Hummm... Adoro ser dominada por você. Puxando meus cabelos, me apertando, me beijando, me mordendo, me acariciando de todas as maneiras impúdicas e sujas que as suas experiências lhe conceberam. Te sentir dentro de mim me faz ver as estrelas mais distantes do céu, me faz ver que as noites podem ser maravilhosas ao invés de tristes e sombrias, me faz fincar as unhas na sua pele morena até brotar sangue, me faz gritar de prazer. E principalmente, me faz mulher. A sua mulher.

Ah seu puto, como eu gosto de você.


[Textozinho qualquer num dia de inspiração. Posso não ter vida sexual, mas tenho criatividade.]

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Desanimador.

Já faz uma semana e alguns dias que minha mãe não fala comigo. E se querem saber? Estou achando muito bom. E muito ruim ao mesmo tempo.

Muito bom porque ela não pega mais no meu pé, não exige demais de mim pra mais nada, não me impede de sair nem nada. Mas muito ruim porque o clima ficou ainda mais pesado por causa da nossa frieza uma com a outra. E isso me incomoda muito. Me incomoda ainda mais o fato de que ela possivelmente não vai me perdoar por algo que eu não fiz. Alás, o que diabos eu fiz pra ela?

Parece tudo exagero. E é exagero. Ela exagerou. Eu também devo ter exagerado, sei lá. Só sei que odeio brigar com ela por qualquer coisa. Mas ela entende o contrário. Acha que eu a odeio. E não é verdade. Eu a amo mais que tudo na vida. Mas por causa desse clima pesado e ruim que vivemos, nós sempre pensamos o contrário do que realmente sentimos. Ela acha que eu a odeio, assim como eu acho que ela não gosta de mim. É terrível, mas está acontecendo. E eu não sei o que eu faço. Me sinto ainda mais desmotivada a tentar me reerguer e dar um jeito em tudo e voltarmos a sermos uma família verdadeiramente feliz. Ela conseguiu me destruir com simples palavras: me chamou de "desgosto da vida dela".

Estou me acostumando aos poucos com essa indiferença dela. Mas sinto que algum dia ela não vai suportar. Ela vai voltar a falar comigo. Só que é certeza absoluta que ela dirá alguma coisa do tipo: "Ou você dá um jeito na sua vida ou você esquece essa casa, essa família, tudo. E me esqueça também".

É sempre assim. Uma enxurrada de problemas sempre me pega de surpresa. Eu preciso de ajuda, mas ninguém me ajuda. Quando vou buscá-la, são meses e mais meses de espera. Aí eu desanimo ainda mais. Minha depressão chega a níveis realmente procupantes. Esses dias eu confesso que pensei no suicídio, de novo. A idéia de suicídio sempre me veem a cabeça. É chocante falar isso, ainda mais eu que sou novinha e etc. Mas só de pensar que eu causo algum incômodo por aqui nesse mundo já me dá uma imensa vontade de dar um ponto final. Sabe, desaparecer de vez. Mas por alguma razão eu tenho medo. Não sei que medo é esse, afinal na situação em que estou, eu já deveria ter acabado com a minha própria vida há algum tempo.

São tantos medos dentro de mim que conseguem me impedir que eu faça isso... Penso nas coisas que ainda tenho pra fazer nessa vida - se bem que na maioria das vezes eu me acho extremamente inútil. Fica difícil viver dessa forma, achando que tudo vai dar ainda mais errado. Mais difícil ainda é pensar no otimismo quando se está mais destruída do que nunca. Levantar a cabeça? Tsc, e tão fácil falar isso não é?

Anteontem eu fui à mais uma entrevista de emprego. Já estou saturada disso, sério. Falei tudo, respondi as perguntas da entrevistadora, e soltei aquele blá blá blá todo sobre "ser dinâmica e gentil e etc" (além de aguentar a entrevista, eu ainda tenho que mentir!). Achei que fui bem até, era pra início imediato. Eu esperava mesmo passar nessa entrevista. Estava um pouco otimista.

Até abrir meu e-mail hoje de manhã.


"Bom Dia,

Caro(a) Candidato(a):


Agradecemos a sua participação no processo seletivo para a vaga da Vendedor(a) e informamos que este processo foi concluído.


Ressaltamos que o seu currículo já faz parte do nosso banco de dados e, surgindo uma nova oportunidade, entraremos em contato.


Desde já agradecemos pela atenção."


Desanimador, não acham?

Me pergunto como coisas simples assim conseguem me atingir como um tiro de canhão. Será que sou sensível demais? Idiota demais? Não, eu não sei. E acho que nem gostaria de saber, porque sei que a resposta não será nada animadora.

A cada dia que passa minhas crises de depressão aumentam, e pra piorar tudo de vez, minha ansiedade está aumentando nesses últimos 6, 7 meses desde que eu pedi demissão do meu primeiro emprego. 

Esses dias senti uma vontade imensa de sair com algum amigo. AMIGO, algum cara mesmo. Penso que preciso me distrair com alguma coisa, conversar com algum amigo. Gosto de conversar com homens. Mais até do que com mulheres. Mas eles sequer me procuram. Até uns amigos que conheci há tempos já não me procuram mais. Quer dizer, um deles me procurou esses dias. Leu um status extremamente depressivo meu no Facebook e me chamou pra conversar por mensagens. Me chamou pra sair no fim de semana. Eu aceitei. Mas depois disso ele nunca mais me ligou, nunca mais me mandou uma mensagem, sequer me deu explicações sobre o porquê dele ter sumido no final de semana depois de ter marcado um compromisso comigo. Mas eu já esperava isso dele mesmo. Ele já fez isso comigo inúmeras vezes. Inclusive quando eu tinha 15 anos eles já me deixou esperando-o nas catracas das várias estações da linha azul do Metrô. Naquela época eu era muito ingênua, bem idiota mesmo. Ele me dava um bolo, inventava alguma desculpa, me chamava pra sair de novo, me prometendo que iria... Mas nunca cumpria sua promessa. Teve um dia que ele marcou de se encontrar comigo às 13:30h na catraca do Metrô Conceição. Esperei até às 16:00h. E nada. Imaginem o lixo que me senti em ser enganada de novo. 

Uma mulher que passava por lá e me abordou perguntando se eu tinha créditos no celular porque ela precisava ligar pro filho dela urgentemente. Eu tinha dito que não, que precisava ligar para alguém também. 

- Está esperando alguém? - Ela perguntou.

- Sim. Um cara. - Acho que ela percebeu o tom desanimado da resposta. 

- E desde que horas você tá aqui?

- Desde às 13:30 mais ou menos. 

Ela arregalou os olhos e olhou pro relógio do Metrô. E soltou o seguinte (não me esqueço nunca!):
- Mas menina, já são 16:00h! Esse cara está te enrolando! Vai embora, esquece, pega suas amigas e vá pro shopping, vá viver... Ele não é o único cara nesse mundo não, tem outros tantos que merecem a sua paciência! Esse cara aí não te merece não! Você é tão bonita, se valorize! Se ele te ligar de novo te chamando pra sair, não aceite mais e pronto! 

E no final, acabei indo pra casa de uma amiga. Comer pipoca e lamentar.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Baldes de água fria.

Acordei ontem com umas sensações completamente confusas. Estou bem (aleluia!), mas ao mesmo tempo sinto uma angústia muito grande dentro de mim (ahhh...!). É simplesmente estranho presenciar um momento gostoso da vida e logo em seguida vir um balde de água fria na sua cabeça, te acordando pros problemas. Muitos problemas, aliás. Inclusive minha rinite, que acho que está voltando com tudo.

Anteontem eu fui no The Wall Live, do Roger Waters. E cara... Eu não sei o que dizer sobre o show. Quem estava lá sabe do que eu tô falando.





Até agora foi o show mais impressionante que eu já vi. Acho difícil aguém superar tamanha produção. Devo admitir que o "The Wall" não é um álbum que eu considero incrivelmente foda, mas devo admitir também que esse show me fez mudar um pouco de opinião sobre ele. E me desculpe pela qualidade do vídeo. Minha Kodak já tá pedindo arrego. E eu estava na arquibancada poxa vida...

Pois bem. Depois do momento gostoso, lá vem o balde de água fria. A começar na volta pra casa.

O show terminou lá pelas 23:20h mais ou menos se eu não me engano. E como todo mundo sabe, os metrôs fecham à meia-noite em dia útil (SHOW EM DIA DE TERÇA, DIA ÚTIL, PORRA ROGER!), e os ônibus, dependendo da linha, funcionam até a meia-noite também. Estávamos eu e uns amigos indo pra Av.Francisco Morato, já que os arredores do Morumbi ficam interditados pra saída da galera. Fomos pro ponto de ônibus, mas demorava muito pra chegar alguém ônibus que servisse pra mim. E eu não queria perder tempo. Então tivemos a brilhante ideia de irmos até o Terminal Campo Limpo para que eu pudesse pegar algum ônibus mais fácil e mais rápido pra ir pra casa. Nisso já passava da meia-noite. E eu ficando cada vez mais procupada, porque minha mãe havia me pedido pra não voltar tarde pra casa. E eu sentia que ela estava muito brava comigo. Que quando eu chegasse em casa ela estragaria minha alegria.

Chegamos lá, e nada. Os ônibus que eu precisava não estavam mais operando. O desespero bateu. Me falaram pra eu ir pro Terminal Santo Amaro, que lá os ônibus funionam até mais tarde e blá blá blá.

Me fodi.

Cheguei lá e o ônibus que era perfeito pra voltar pra casa também havia encerrado as viagens. PUTA QUE ME PARIU. Eu estava mais fodida do que nunca. Tive que voltar pra casa de táxi, pegando dinheiro emprestado do amigo que foi comigo. Por causa do táxi, cheguei lá pra 1 e pouca da manhã.

E claro, minha mãe começou o sermão dela, como sempre faz. E dessa vez foi bem pior. Mas preciso contar o começo senão vocês não vão entender.

Na segunda-feira eu tinha pedido uma grana pra arrumar o cabelo e pra colocar créditos no bilhete único. E mais tarde eu teria uma entrevista pra fazer. Essa entrevista seria às 13:30h da tarde, então daria tempo pra ir ao show depois. E ainda fui pra entrevista, vejam bem. Ainda bem que a moça do RH lá pediu que eu fosse de preto, sem necessidade de usar trajes sociais. Eu já havia dito pra minha mãe que iria ao show, mas disse ainda na época quando o show estava marcado pro dia 31de março, havia esquecido de avisá-la sobre a mudança da data (burra pra caralho eu sou, eu sei). E um mês ela atrás me proibiu de ir pra shows, porque segundo ela "esses shows de rock só vão infestar ainda mais a minha cabeça perturbada, que eu tenho que ficar longe de roqueiros (gangue, como ela chama) e etc e etc". Uma ladainha do caralho, sem sentido nenhum pra mim.

E na hora o que ela pensou quando eu cheguei: 1) Peguei o dinheiro dela pra ir ao show e não pra arrumar o cabelo; 2) Eu fui pro show, desobedeci uma ordem dela; 3) Que eu não fui pra entrevista coisa nenhuma, preferi ficar no meio de "uma gangue de roqueiros" do que se preocupar com uma coisa realmente importante. Em seguida vieram as ofensas: disse que eu dou muito desgosto pra ela, que trocaram a verdadeira filha dela por mim na maternidade, que agora me desconsidera como filha. E não fala mais comigo. Ontem mesmo ela chegou do trabalho e nem olhou pra minha cara, sequer dirigiu a palavra à mim.

Como me sinto?

A alegria de ter visto um show incrível desapareceu. Vieram as lágrimas, a sensação de que eu era mais inútil do que eu pensava. Um verdadeiro lixo. E ela é extremamente rancorosa, então provavelmente ela vai ficar nessa putaria de fica brigada comigo até sei lá quando. Quem sabe pra sempre, como ela fez com um tio meu. E essa sensação horrível ainda não passou. Ainda esboço sorrisos fracos quando lembro do show, de ter visto a felicidade dos meus amigos, a emoção das minha amigas. Mas o clima pesado da minha casa elimina essas boas sensações como inseticida.

O show não sai da minha cabeça. E as palavras da minha mãe também.