Já faz uma semana e alguns dias que minha mãe não fala comigo. E se querem saber? Estou achando muito bom. E muito ruim ao mesmo tempo.
Muito bom porque ela não pega mais no meu pé, não exige demais de mim pra mais nada, não me impede de sair nem nada. Mas muito ruim porque o clima ficou ainda mais pesado por causa da nossa frieza uma com a outra. E isso me incomoda muito. Me incomoda ainda mais o fato de que ela possivelmente não vai me perdoar por algo que eu não fiz. Alás, o que diabos eu fiz pra ela?
Parece tudo exagero. E é exagero. Ela exagerou. Eu também devo ter
exagerado, sei lá. Só sei que odeio brigar com ela por qualquer coisa.
Mas ela entende o contrário. Acha que eu a odeio. E não é verdade. Eu a
amo mais que tudo na vida. Mas por causa desse clima pesado e ruim que
vivemos, nós sempre pensamos o contrário do que realmente sentimos. Ela
acha que eu a odeio, assim como eu acho que ela não gosta de mim. É
terrível, mas está acontecendo. E eu não sei o que eu faço. Me sinto
ainda mais desmotivada a tentar me reerguer e dar um jeito em tudo e
voltarmos a sermos uma família verdadeiramente feliz. Ela conseguiu me
destruir com simples palavras: me chamou de "desgosto da vida dela".
Estou me acostumando aos poucos com essa indiferença dela. Mas sinto que algum dia ela não vai suportar. Ela vai voltar a falar comigo. Só que é certeza absoluta que ela dirá alguma coisa do tipo: "Ou você dá um jeito na sua vida ou você esquece essa casa, essa família, tudo. E me esqueça também".
É sempre assim. Uma enxurrada de problemas sempre me pega de surpresa. Eu preciso de ajuda, mas ninguém me ajuda. Quando vou buscá-la, são meses e mais meses de espera. Aí eu desanimo ainda mais. Minha depressão chega a níveis realmente procupantes. Esses dias eu confesso que pensei no suicídio, de novo. A idéia de suicídio sempre me veem a cabeça. É chocante falar
isso, ainda mais eu que sou novinha e etc. Mas só de pensar que eu
causo algum incômodo por aqui nesse mundo já me dá uma imensa vontade de dar um
ponto final. Sabe, desaparecer de vez. Mas por alguma razão eu tenho
medo. Não sei que medo é esse, afinal na situação em que estou, eu já
deveria ter acabado com a minha própria vida há algum tempo.
São tantos medos dentro de mim que conseguem me impedir que eu faça isso... Penso nas coisas que ainda tenho pra fazer nessa vida - se bem que na maioria das vezes eu me acho extremamente inútil. Fica difícil viver dessa forma, achando que tudo vai dar ainda mais errado. Mais difícil ainda é pensar no otimismo quando se está mais destruída do que nunca. Levantar a cabeça? Tsc, e tão fácil falar isso não é?
Anteontem eu fui à mais uma entrevista de emprego. Já estou saturada disso, sério. Falei tudo, respondi as perguntas da entrevistadora, e soltei aquele blá blá blá todo sobre "ser dinâmica e gentil e etc" (além de aguentar a entrevista, eu ainda tenho que mentir!). Achei que fui bem até, era pra início imediato. Eu esperava mesmo passar nessa entrevista. Estava um pouco otimista.
Até abrir meu e-mail hoje de manhã.
"Bom Dia,
Caro(a) Candidato(a):
Agradecemos a sua participação no processo seletivo para a vaga da Vendedor(a) e informamos que este processo foi concluído.
Ressaltamos que o seu currículo já faz parte do nosso banco de dados e, surgindo uma nova oportunidade, entraremos em contato.
Caro(a) Candidato(a):
Agradecemos a sua participação no processo seletivo para a vaga da Vendedor(a) e informamos que este processo foi concluído.
Ressaltamos que o seu currículo já faz parte do nosso banco de dados e, surgindo uma nova oportunidade, entraremos em contato.
Desde já agradecemos pela atenção."
Desanimador, não acham?
Me pergunto como coisas simples assim conseguem me atingir como um tiro de canhão. Será que sou sensível demais? Idiota demais? Não, eu não sei. E acho que nem gostaria de saber, porque sei que a resposta não será nada animadora.
A cada dia que passa minhas crises de depressão aumentam, e pra piorar tudo de vez, minha ansiedade está aumentando nesses últimos 6, 7 meses desde que eu pedi demissão do meu primeiro emprego.
Esses dias senti uma vontade imensa de sair com algum amigo. AMIGO, algum cara mesmo. Penso que preciso me distrair com alguma coisa, conversar com algum amigo. Gosto de conversar com homens. Mais até do que com mulheres. Mas eles sequer me procuram. Até uns amigos que conheci há tempos já não me procuram mais. Quer dizer, um deles me procurou esses dias. Leu um status extremamente depressivo meu no Facebook e me chamou pra conversar por mensagens. Me chamou pra sair no fim de semana. Eu aceitei. Mas depois disso ele nunca mais me ligou, nunca mais me mandou uma mensagem, sequer me deu explicações sobre o porquê dele ter sumido no final de semana depois de ter marcado um compromisso comigo. Mas eu já esperava isso dele mesmo. Ele já fez isso comigo inúmeras vezes. Inclusive quando eu tinha 15 anos eles já me deixou esperando-o nas catracas das várias estações da linha azul do Metrô. Naquela época eu era muito ingênua, bem idiota mesmo. Ele me dava um bolo, inventava alguma desculpa, me chamava pra sair de novo, me prometendo que iria... Mas nunca cumpria sua promessa. Teve um dia que ele marcou de se encontrar comigo às 13:30h na catraca do Metrô Conceição. Esperei até às 16:00h. E nada. Imaginem o lixo que me senti em ser enganada de novo.
Uma mulher que passava por lá e me abordou perguntando se eu tinha créditos no celular porque ela precisava ligar pro filho dela urgentemente. Eu tinha dito que não, que precisava ligar para alguém também.
- Está esperando alguém? - Ela perguntou.
- Sim. Um cara. - Acho que ela percebeu o tom desanimado da resposta.
- E desde que horas você tá aqui?
- Desde às 13:30 mais ou menos.
Ela arregalou os olhos e olhou pro relógio do Metrô. E soltou o seguinte (não me esqueço nunca!):
- Mas menina, já são 16:00h! Esse cara está te enrolando! Vai embora, esquece, pega suas amigas e vá pro shopping, vá viver... Ele não é o único cara nesse mundo não, tem outros tantos que merecem a sua paciência! Esse cara aí não te merece não! Você é tão bonita, se valorize! Se ele te ligar de novo te chamando pra sair, não aceite mais e pronto!
E no final, acabei indo pra casa de uma amiga. Comer pipoca e lamentar.
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