sexta-feira, 16 de março de 2012

Sobre a arte de levar tudo a sério.

Eu, desde que me conheço por gente, levo tudo a sério. Desde brincadeirinhas bobas entre irmãos até piadinha idiota no Twitter (algumas...), mesmo não se referindo à mim. Não consigo achar uma explicação válida para esse problema, já que pode ser interpretada como apenas uma "irritação à toa". Mas eu honestamente não acho que seja só uma "irritação à toa". Deve ir muito além disso, eu não sei. Não fui à um psicólogo ainda porque o SUS não me ajuda.

É extremamente ruim você levar as brincadeiras a sério num mundo onde a palavra de ordem é "trollar". Todo mundo brinca. Menos você. Menos eu. Atrapalha, porque você quer ser mais legal, que rir mais, quer entrar mais nas brincadeiras dos amigos, mas só o que você consegue fazer é um proeminente bico e ficar sem falar com as pessoas durante um mês. E aí a sua fama de "crianção" toma proporções estratosféricas.

Eu não preciso dizer muita coisa sobre minha situação. Ou preciso? Ah, vou dizer, pra escrever mais e ver se me tranquilizo um pouco.

Eu tenho uma mente nebulosa de problemas. Faz sentido uma pessoa que sofreu bullying durante muitos e longos anos da sua vida e que não possui auto-estima nenhuma gostar de brincadeiras? Não faz parte de mim a expressão "levar na esportiva", apesar de me esforçar bastante para adotá-la. Mas nunca deu certo. Vou lá, dou uma risadinha mequetrefe, aquele sorriso amarelo, explodindo como um vulcão por dentro. Daí você se pergunta: então porquê não coloca pra fora a sua raiva e deixa bem claro à todo mundo que você não tá pra brincadeira? A resposta é simples meu caro amigo(a): porque minha garganta já está larga demais de tanto engolir sapos.

"Ignore tudo, milha filha". Era o que eu mais ouvia da minha mãe. Mas parece que quanto mais eu ignoro, mas irada eu fico. É estranho.

O que mais me deixa irritada é quando sou mal interpretada, principalmente no Twitter. Uma opiniãozinha minha que eu soltar no site, e já vem neguinho soltar poucas e "não tão boas" assim. Já fui inúmeras vezes ofendida, e é isso que me tira do sério. A infantilidade é tamanha que pra argumentar comigo o cara precisa me xingar. É maçante.

O mais frustrante nisso tudo é que eu não sei responder. Argumentar contra, bater de frente. A unica coisa que eu faço é ficar quieta, não soltar um palavrão sequer, "ignorar". Morrendo de raiva. Nos casos mais graves, sentindo uma vontade intensa de chorar. Porque esse tipo de coisa acontece, na maioria das vezes, quando não quero ofender ninguém (ora, eu não nasci pra isso!), quando falo só por falar, quando quero me expressar de uma forma que não ofenda os outros. Mas não adianta. Alguém sempre estará ali, esperando eu tuitar algo inocente pra fazer tempestade em copo d'água, apenas para afetar o meu sensível psicológico.

Pessoas como eu são alvos fáceis dos engraçadinhos. Sabem que eu levo tudo a sério, logo se aproveitam disso, jogam piadinha besta e zoações na minha cara até sentirem que estarei à beira de um ataque de nervos. Eles ganham o dia quando veem que eu "perdi a moral".

A "perda de moral" é automática. Você sente que perdeu a sua no momento que você rebate uma crítica (ou tenta...) de uma forma sutil, e o filho da puta já começa a vir com as gracinhas: "Enfie sua opinião no cu", ou então "Procure se informar antes de ~criticar~, não seja burra, pô!". Nesse caso, o que eu faço? Fico quieta. Porque se eu começar a xingar vai piorar tudo. Daí minha moral já perdida acaba desmoronando de vez. Tomo aquele "hadouken" maravilhoso.

Quantas vezes já não fui chamada de "criançona", de "infantil", de "bebezona", por causa disso? Acontece, meu caro amigo(a), que mais crianção, infantil e bebezão é aquele que acha que é legal se aproveitar da brecha psicológica do próximo. Digo tudo isso porque infelizmente senti (e ainda sinto) na pele como é ser "trollada" por todo mundo. Me dá até dor de cabeça só de lembrar. Ninguém pensa no que pode acontecer com você. Ninguém tá nem aí se você surtar e ir parar no hospital. Ninguém se importa se você interpreta a situação não como uma ofensa, mas sim como algo que vai MUITO ALÉM da ofensa. Pelo contrário. A galera gosta de ver o circo pegando fogo e você enfiado nele.

Agora me expliquem essa (ateus!): não gosto de gente séria. Gente mal humorada e arrogante me deixa nos nervos. Sou mais os mais "bem humorados". Os que brincam. Então por quê diabos eu sou assim?! Explico: gente "brincalhona" que eu gosto é aquele pessoal acolhedor e compreensivo. Que sabe que eu levo tudo a sério, por isso nem se atreve a fazer alguma brincadeira de mau gosto. Nenhuma brincadeirinha mais amorosa. Nenhuma. Se eu der uma risadinha, não se engane, é só pra disfarçar minha pontinha de raiva. Ora... Eu já sou um pé no saco. Já basta eu de chata, pra quê vou querer viver rodeada de mais chatos? Até considero que estar com gente legal pode ser totalmente terapêutico pra mim. É só não vir com brincadeirinhas toscas de mau gosto comigo. Ainda mais se eu não te conhecer direito.

Ah, os amigos. Eles sabem que você leva tudo a sério, mas insistem em fazer bullying contra você, "porque na verdade gostam demais de você e querem te ver sorrindo e etc". Não. Pára com essa merda. Não tá dando certo.

Haja saco. E haja garganta.

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