domingo, 25 de março de 2012

Fail social.

Sexta feira passada eu cheguei à essa conclusão.

Todo mundo faz novos amigos, aumenta seu (já enorme) círculo de amizade, e arranjam até um novo amor. Mas acho que não tenho capacidade para isso. Bem, nem olho nos olhos das pessoas direito, quanto mais tecer alguma interação.

E como sempre, eu tenho uma historinha bem chata pra contar.

Minha melhor amiga Ju é muito bonita e muito legal. Nem parece que ela tem 3745693686485623 tipos de alergia, sociofóbica desde pequena, hipocondríaca, com uma bronquite que a ataca de mês em mês, problemas cardíacos e gastrites que vão e voltam cada vez que saio com ela. E mesmo com todos essas enfermidades e depressão, ela tem mais mil seguidores no Twitter, o Facebook dela recebe mais de 50 pedidos de amizade por dia e ela tem uma roda enorme de amigos. A maioria homens. Todo mundo gosta dela exatamente do jeito problemático que ela é. Inclusive eu. Mas tem coisas que me incomodam um pouco. Um exemplo: os amigos dela.

Os amigos dela são aquele tipo de gente que preferem ver o mundo girar em torno dela (e deles mesmo) do que aceitar outras pessoas. Em outras palavras, os amigos dela não gostam de mim. Talvez por eu não ser bonita e diferente como ela. Porque sabem como é, nesse mundo tão hipster, quanto mais "doente" a pessoa for, mais legal ela é. Parece que isso funciona com ela. Enfim... Aconteceu que eu estava num bar com uns amigos dela que ela conhece desde o colégio. Eu já os conhecia. Eu já tinha saído com eles uma vez, e me senti uma estranha no ninho. Eu achei que na segunda vez que nos veríamos seria um pouco melhor... Que engano.

O tempo todo eu fiquei com cara de bunda, olhando pra Domingos de Morais procurando desvencilhar dos olhares desconfiados dos amigos dela sobre mim. Enquanto ela estava alegremente conversando de mãos dadas com o outro amigo dela (gatinho até, faz faculdade, tem carro e que tem uma namorada já há anos...).

- E você, o que anda fazendo da vida hein? - Um dos amigos dela perguntou pra mim.

- Nada. Estou à procura de emprego há meses e não obtenho nenhuma resposta...

E ele, muito legal, me disse, tomando um gole de cerveja em seguida:

- Você é uma desgraçada hein...

"Desgraçada". O amigo dela me chamou de "desgraçada". Claro, no primeiro momento respondi apenas com um "devo ser mesmo...", baixinho, afinal fiquei sem graça. Saquei um cigarro e fumei, bufando de raiva por dentro. Afinal, eu levo as coisas à sério.

O tempo todo eu ouvi aqueles caras falando sobre faculdade, gostosas da faculdade, putaria machista e outras coisas que me entediaram. Ninguém sequer quis algum tipo de interação comigo. Minha cara de tacho cresceu. Ju rindo e conversando com o cara descontraídamente do meu lado.

- Bicha, tá tudo bem? Tá tão quietinha... - Ela me disse enquanto eu procurava algum atalho ágil naquela Domingos de Morais, porque minha única vontade era de cair fora daquele bar.

Mas como eu sou muito boa em fingir que está tudo maravilhosamente bem quando não está...

- Sim, tô bem. É que tô refletindo aqui...

Depois, eles pagaram a conta e saímos de lá em direção ao carro do moço compromissado. Ficaram conversando durante algum tempo... Enquanto eu estava com a minha típica poker face, me sentindo extremamente excluída, fora daquela interação toda. Quando ia me virar pra Ju e pedir para que fôssemos embora (porque já não estava mais aguentando ficar por lá, sendo ignorada até por ela), vi algo pitoresco, mas muito comum hoje em dia: ela estava aos beijos com o amigo compromissado dela. Virei a cara novamente pra Domingos de Morais, olhando os carros passarem, enquanto os dois estavam quase se comendo atrás de mim. Meio que fiquei de vela. Eu e um outro amigo dela (que provavelmente não vai com a minha cara, pois durante a noite naquele bar ele sequer dirigiu a palavra à mim). Imaginem minha cara. Agora além de querer ir embora o mais rápido possível de lá, eu queria achar um buraco pra enfiar a minha cara. De alguma forma eu fiquei constrangida.

Olha, eu não gosto disso. Claro, quero que minha amiga seja feliz, que ela pegue quem ela quiser e etc, mas não perto de mim. É que a pior coisa do mundo é gente se pegando perto de mim. E ela sabe disso. Ela sabe que tenho aversão à esse tipo de coisa, que eu fico extremamente constrangida. Foi como uma espécie de desrespeito. Coisa minha, sempre fui assim, me poupem.

E se o cara tá namorando e deseja tanto outra, por quê não termina com a vadia lá e fica logo com a outra de uma vez?! E é engraçado, porque ela sempre repudiou esse negócio de ser "a outra", mas está fazendo o mesmo. Bom, nem sei se ela vai continuar com isso. Enfim... O assunto aqui não é a beiçada nervosa que minha melhor amiga deu num amigo compromissado, e sim a minha falha em conseguir novos amigos.

Quando cheguei em casa, me senti extremamente mal. Coloquei na minha cabeça que as pessoas (principalmente amigos de amiga minha) não gostam de mim. Acho que não sou legal o suficiente pra isso. Muito menos bonita. Me dá a impressão que as pessoas só fazem amizade com as outras reparando na aparência física delas.

Farei um teste (que obviamente saberei a resposta): há duas garotas. A primeira é baixinha, tem cabelos pretos lisos, nariz empinadinho adornado com um piercing, um sorriso infantil com dentes perfeitamente alinhados e que se veste muito bem. Ela tem vários problemas físicos e psicológicos. A segunda é igualmente baixinha, tem cabelos castanhos alisados na chapinha, nariz grandinho, um sorriso estranho com dentes tortos e que não se veste tão bem assim. Não tem nenhum problema físico, mas possui um psicológico frágil por conta da baixa auto-estima. Adivinha quem vocês obviamente preferem...

Pior que todo mundo ofuscando o pouco brilho que você tem, é a sua amiga fazendo isso. E não, não é inveja. É como as coisas são.

Um comentário:

  1. eu gosto de voce e te acho legal também e acho sim que você tem capacidade de fazer amigos

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