quarta-feira, 24 de abril de 2013

Hiato II

Primeiramente, feliz ano novo. Atrasadíssimo, como podem ver.

Bom, eu fiquei esse puta tempo sem escrever nada aqui porque enfim... Não, não foi a vida que me fodeu e que me desanimou. É a falta de tempo. Explico.

Comecei a fazer a faculdade. UAU A PAULA TÁ FAZENDO FACULDADE, FINALMENTE PUTA QUE PARIU UHUL... Felicidade e blá blá blá, certo? Não. Não é bem assim.

Confesso, de todo o meu pobre, dilacerado, despedaçado, gangrenado e fodido coração, que não está sendo uma fase legal para mim. Sabe como é né... Essa depressão que vai e volta na velocidade da luz como bumerangue supersônico. Nunca sei quando eu estou bem e quando eu estou indo. Sinto que nunca estou feliz, principalmente comigo mesma.

E como eu não tenho uma pessoa física com quem desabafar no momento (estou sem ir ao psiquiatra e isso tá me incomodando profundamente), estou recorrendo à este precário blog.

Todos as noites quando volto da faculdade, fico refletindo sobre a minha vida nesses últimos meses, desde que comecei a faculdade. Faço uma reflexão sobre os amigos que ainda não fiz (amigos mesmo, não colegas de classe), sobre as notas ruins que tirei, sobre a roupa que eu estou usando. E parece que nada orna. Nada mesmo. O vidro da janela do Metrô, todas as noites, mostra a Paula do ano passado, que só chorava e chorava e chorava. E aí eu volto uns anos atrás e lembro daquela Paula aos doze anos de idade, que começou a ficar muito confusa, muito feia, muito vítima de bullying.

E aí uma coisa leva à outra, e leva à outra, e leva à outra... E parece que a qualquer momento, na noite seguinte, fico prestes a pular na via lá da estação Ana Rosa, na hora em que o trem estivesse se aproximando.

Daí tudo me leva a crer que a Paula dos anos passados, mesmo fazendo faculdade e trabalhando, ainda não saiu de mim. Ainda me afeta como uma espécie de doença. Depressão é uma doença. Mas nem todo mundo encara assim. Minha mãe com certeza ainda acha que é frescura e corpo-mole.

E honestamente? Mas honestamente mesmo? Me sinto morta por dentro. Parece radical, cruel e nojento, mas é assim mesmo. Como um romance naturalista agregado à uma obra cubista feat. expressionista.

É triste pensar dessa forma, ainda mais uma pessoa como eu, que ainda tem uma caralhada de vida pela frente. E isso que me dá mesmo. Essa longa vida. O que farei? Me pergunto se conseguirei ser uma jornalista formada. Hoje por exemplo me senti bem mal porque acho que o professor não curtiu o trabalho que fiz com um grupo. Estou me odiando por dentro até agora. Críticas me desmoronam, e isso me faz um ser humano bem idiota e difícil de lidar.

Olho para o escuro do túnel do Metrô pela janela e me questiono o tempo todo: o que é essa tal de felicidade? Como é ser feliz? Como é sorrir com a alma? As pessoas no Metrô me parecem bem felizes. Principalmente os jovens que voltam da faculdade no mesmo horário que eu. Falam de suas baladas inesquecíveis, de seus amores, de seus sonhos. Esses jovens me parecem tão radiantes, tão seguros de si... Claro, ainda acredito na "falsa felicidade", mas na situação em que eu estou, todo mundo é mais feliz do que eu.

Costumo me sentir deslocada de tudo e de todos. Me incomoda, cara! Me incomoda muito! Mas parece que quanto mais eu luto, mais eu me vejo previamente derrotada nessa batalha contra mim mesma.

Meu coração parece que vai explodir com tanta coisa ruim guardada. E às vezes, eu só precisava conversar com alguém que estivesse disposto a me ouvir (fora um novo psiquiatra), um coração aberto, uma mente aberta para me entender, sem pronunciar a palavra "frescura" durante a conversa.

Acho que o pior sentimento do mundo é o conformismo. Se conformar com a vida inodora, incolor e insípida que me rodeia. Se conformar com os fatos, por mais desagradáveis que sejam. Se conformar com a desesperança, o desespero, o desamor. Se conformar com as garotas mais bonitas, mais inteligentes e mais felizes do que eu. Se conformar com os olhares tortos e desconfiados sobre mim. Se conformar com o fato de que os garotos preferem loiras (outras) morenas e ruivas do que eu. Se conformar com a perda de peso mais que preocupante. Se conformar com o cabelo estranho, a face estranha, o corpo estranho. Se conformar com o espelho que me mostra a dura verdade da minha estética (ou que me distorce). Se conformar com a ansiedade.

Se conformar com a vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário