sábado, 8 de dezembro de 2012

Impaciência.

Não existe amor em São Paulo. Muito menos paciência.

Disse Caetano com o Criolo uma vez. E eu digo esta frase com o algo a mais. Ando pelas calçadas quebradiças e perigosas da cidade, pensando se terei um dia sequer sem pensar em tropeçar nelas. Estes últimos tempos, não houve um dia sequer que eu deixei de pensar em besteiras e preocupações pelo menos por um momento - essa última com mais frequência do que antes. Andar sem se sentir isolada, estranha, feia, preocupada... Faz anos que eu não sei como é isso.

Ansiedade é um saco. Ainda mais numa cidade como essa, onde as pessoas, mesmo com muita pressa, sempre encontram uns 5 minutos para reparar na sua roupa, no seu corte de cabelo ou no celular que você está usando. Tudo me é deveras esquisito ultimamente. As ruas, as pessoas, os lugares, a poluição, o serviço telefônico, a fila do banco, o Metrô lotado.

Essa semana, por exemplo. Me convenci pela enésima vez de que tudo que eu preciso é fugir dessa realidade tão cinzenta e supérflua. Parece que essa realidade cinzenta afeta todo mundo. Inclusive gente que convive comigo. Estão sempre tão ocupadas... Não me esqueci das pessoas que disseram que sempre estariam comigo para o que desse e viesse. Hoje em dia nem espero que esses "amigos" tenham contato comigo.

Acho até que tenho uma parcela de culpa. Sou atrapalhada, desleixada, folgada, mal-amada, feia, e quiçá com um parafuso a menos. Paulistanos não têm paciência com pessoas como eu. Nem papai, nem mamãe, nem irmão, amiga, ninguém. Não. Pessoas "sem filtro" como esta que vos escreve merecem - oh Deus! - viverem enclausuradas num quitinete do tamanho de um ovo na Santa Cecília, vendo o tempo passar pela janela. Não sou culta - a galerinha cool paulistana gosta de gente que frequenta a Paulista toda sexta à noite depois da faculdade ou do trabalho, pra tomar um café na Starbucks ou pra falar do último sucesso dos Arctic Monkeys com uma rodinha de amigos igualmente cools no vão do Masp. Não sou legal - sarcasmo, ironia, palavrões e vozinha esgarçada de uma adolescente de 15 anos, sentiu o drama?

Gente como eu tem altas chances de ingressar na área de humanas da faculdade e acabar ficando biruta. Galera não tem paciência comigo. E eu acho que não tenho paciência com a galera, com a humanidade, com a vida.

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