quinta-feira, 28 de junho de 2012

[historinha aleatória n°3]

Era um fim de tarde frio e nublado. Combinava muito com o meu humor no dia. Me sentia mais fria e vazia por dentro do que um freezer. Precisava sair pra respirar um pouco, já que o clima na minha casa estava se tornando cada vez mais sufocante pra mim.

Ganhei a rua e me sentei num banco qualquer de uma praça qualquer perto de casa. Enquanto enfiava uma das mãos no bolso do casaco em busca do meu maço de cigarros, eu observava as pessoas que passavam por ali. Tédio. As pessoas hoje em dia pra mim são resumidas em puro tédio. Cada vez mais arrogantes, mesquinhas, preconceituosas, idiotas. Pessoas me dão preguiça. E um certo nojo pelas suas atitudes, em sua maioria, estúpidas. Tirei o maço de dentro do bolso, saquei um cigarro e acendi em seguida. Uma profunda e deliciosa tragada, sentindo a garganta esquentar rapidamente.

Estava presa em meus próprios pensamentos e ao gosto de nicotina amargando minha boca quando sinto alguém se aproximando do banco onde eu estava.

- Con licença, você tem um cigarro aí?

Um rapaz sentou ao meu lado. Eu, muito gentil, atendi ao pedido dele. Tirei outro cigarro do meu maço e ofereci ao moço.

- Marlboro Light, serve?

Ele balançou a cabeça positivamente com um sorriso. Um sorriso muito bonito. Fiquei um pouco desconcertada, afinal não me sentia segura com estranhos falando comigo. E sorrindo pra mim ainda por cima.

- Muito obrigado - Ele agradeceu. Em seguida acendeu o cigarro com um isqueiro aparentemente antigo e deu uma longa tragada.

Achei que ele logo fosse embora, mas não. Continuou ali, sentado ao meu lado, do mesmo jeito que eu, fumando e observando as pessoas. A princípio me senti um pouco incomodada com a presença dele ali, afinal eu não estava muito sociável naquele dia. Mas depois de alguns minutos desejei que ele não fosse embora.

Disfarçadamente eu olhei o rapaz ao meu lado. Apesar de eu não ter muita paciência com pessoas, sou muito observadora. Ele olhava todo aquele movimento morno do parque com um olhar sereno, como se estivesse preocupado com absolutamente nada. Aparentava ter uns 25 anos. Reparei na maneira displicente como estava sentado. Parecia ser atraente.

E era impressionante a forma lenta como ele fumava. Enquanto eu já pensava em pegar outro cigarro, o dele ainda estava pela metade. Talvez ele não tinha coisas para se preocupar, não vivesse nervoso e etc.

Enquanto fumava, brincava distraidamente com o isqueiro. Consegui ter essa visão quando encostei as costas no encosto do banco de madeira. E ele estava com o tronco projetado pra frente, observando umas crianças que por ali brincavam. Até que ele deixou o isqueiro cair no chão. Eu rapidamente deixei minha posição e me abaixei pra pegá-lo.

- Muito obrigado moça... - Agradeceu mais uma vez com o cigarro na boca, tomando o isqueiro da minha mão.

- Por nada - Um sorriso pequeno e tímido se desenhou em meus lábios. E ainda emendei - Gostei do seu isqueiro.

- Sério? Era do meu pai, e ainda funciona! - Parecia que aquele isqueiro tinha um valor sentimental para ele, já que eu vi um certo brilho nos olhos dele enquanto falava daquele bonito objeto de metal.

E depois de ter visto os olhos dele, passei a reparar no resto. Ele não era bonito. Tampouco lindo. Tinha o rosto um pouco quadrado, olhos que não pude identificar muito a cor na hora, o nariz meio avantajado e um cabelo em tons de loiro, meio desgranhado. O tipo de cara que garotas da faculdade facilmente desprezariam. Mas por alguma razão, ele possuia uma "charme inexplicável".

E por causa daquele isqueiro Zippo passamos uns 15 minutos mais ou menos conversando. Ah sim, verdes. Os olhos dele eram verdes. Ou castanho-esverdeado? Seu nome era Marcos. Tinha 27 anos e cursava o último ano de Engenharia na USP. Morava com um amigo e uma gata siamesa chamada Pérola.

Depois de uns assuntos extremamente aleatórios ele pediu o número do meu celular. Eu havia gostado dele. Falava superbem, era educado e dono de um tom de voz suave, porém firme. Trocamos os números numa boa.

Uma semana depois nos falamos por telefone. Achei que ele não me ligaria, achei que ele fosse igual à todos os caras que prometeram me ligar no dia seguinte e nunca o fizeram. Prontamente ele justificou a demora de ter me ligado, dizendo que era semana de provas e estava estudando muito. Deixamos as justificativas de lado e marcamos de sair. Bar, 20:30hs.

Ríamos muito enquanto falávamos das patricinhas de ambas nossas faculdades e dos nossos próprios micos da vida. marcos era realmente um cara muito interessante e charmoso, e tinha um bom papo. Falávamos de games novos e bandas que ouvíamos. Tínhamos o mesmo gosto musical. E ele sempre sorria. Dentes brancos e perfeitamente alinhados. Um sorriso grande, bonito, convidativo.

Saíamos para fumar enquanto caminhávamos pelas ruas frias. Ele fazia adoráveis bolinhas de fumaça, perguntando se podia me levar até em casa. Com tanta cordialidade, acabei aceitando. E segurou minha mão. Perguntou se eu me incomodava. Disse que não, sentindo meu rosto esquentar. A mão dele era tão quente e grande que sentia minha mão devidamente protegida.

Quando chegamos em frente à minha casa, senti ele me puxando para perto, de frente para ele, praticamente colando nossos corpos. Aquilo foi tão inesperado que me assustei no começo. Mas senti minhas pernas bambearem quando ele sussurrou no meu ouvido que queria um beijo antes de nos despedirmos. Senti um misto delicioso de sensações. Era evidente que eu queria beijá-lo. Aquele charme e aquelas mãos na minha cintura me incitaram a não apenas beijá-lo. Eu estava há alguns meses sem transar. Eu precisava de uma transa boa. Mas meus pais estavam em casa.

Senti os lábios dele sobre os meus, e em seguida a língua dele pedindo passagem para dentro da minha boca. Ele beijava tão bem que ficamos uns cinco minutos só naquilo. Tive que subir um degrau da escada da porta de entrada para alcançar melhor a boca dele, já que ele era alto.

Ele desceu os lábios no meu pescoço, e logo senti que as coisas iam esquentar.

Soltei um suspiro quando os dentes dele atingiram a curva do meu pescoço com uma suave mordida. As mãos dele, antes na minha cintura, agora vagavam um pouco mais embaixo.

E naquele momento, eu senti que não conseguiria resistir.

Quando demos por nós, estávamos num beco próximo à minha casa, aparentemente tranquilo naquela hora, sem risco de sermos interrompidos. Mas ainda assim eu tinha medo de que alguém nos visse. E por incrível que pareça, isso aumentou o meu desejo.



Ele ofegava, sussurrava umas safadezas no meu ouvido enquanto metia em mim, me segurando pelas pernas, comigo encostada na parede. Na posição que eu estava, eu me segurava pra não soltar um gemido mais alto. Eu o incitava a ir mais rápido e mais forte, pressionando minhas pernas, entrelaçadas à sua cintura. Estávamos quase completamente vestidos. Bastou abrir o zíper da calça dele e colocar a minha calcinha de lado (eu usava uma saia na altura dos joelhos na ocasião). Meu casaco estava perdido em algum canto daquele beco. Apesar do friozinho que fazia, ele abriu desesperado a minha blusa, abaixou meu sutião de qualquer jeito e chupou meus seios, mordendo meus mamilos à medida que o orgasmo estava próximo. Muita afobação e muita artimanha sexual. Depois de mais umas estocadas fortes dentro de mim ele soltou um gemido alto perto do meu ouvido, chegando ao orgasmo. Mas ainda faltava a minha vez.

Ele simplesmente continuou a meter cada vez mais forte, mesmo depois de ter gozado. Soltou uma das minhas pernas, mantendo a outra erguida, e usou a mão, agora livre, para estimular o meu clitóris. Esfregava aqueles dedos delirantes no clitóris enquanto seu pênis ainda bombava dentro de mim. Rapidamente senti a deliciosa sensação do orgasmo. Tirou o pênis e enfiou dois dedos na minha intimidade. Vi os dedos dele saírem molhados e indo em direção à sua boca, sugando-os. E me beijou lentamente em seguida.



Isso aconteceu há um ano. Depois daquela noite, nós ainda nos falamos. Marcos está namorando, mas disse que nunca me esqueceu. E que ainda fuma lembrando-se de mim. Eu ainda faço o mesmo. Só que sem esperanças de vê-lo novamente. E vendo os transeuntes do parque, com o mesmo desinteresse de antes.

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