sábado, 27 de abril de 2013

Esforços.

Devo ter ficado de recuperação na matéria "vida".

Sim, porque a vida quer que eu me esforce mais, que eu me dedique mais, que eu seja mais feliz. Mesmo com o cotidiano me mostrando todos os dias que é um saco conseguir alcançar estes objetivos.

Esta semana foi ruim. Eu a considerei ruim. Estava frustrada com muita coisa relacionada a mim mesma. Frustrada com a minha visão de futuro, frustrada com a minha falta de sensibilidade, frustrada com o meu medo de conhecer pessoas. Essa nova fase da minha vida me dá uma vontade imensa de chorar, sair correndo e gritar, gritar muito muito alto, pra ver se meus receios desaparecem.

Comprovei minha total falta de sensibilidade emocional quando estava na aula de Filosofia. 

O professor (padre, pff...) quis que nós da sala nos juntássemos em alguns grupos de sete ou oito pessoas (imaginem o pânico que senti). Era para um trabalho em sala de aula para discutirmos o seguinte tema "O que é a felicidade?".

Perguntaram pra mim o que era felicidade. Naquele momento, senti minha massa cinzenta se transformar num chumaço de algodão.

Claro que eu não sabia o que dizer. "Felicidade" pra mim é algo muito vago, mas ao mesmo tempo muito vasto de questionamentos e descrições (eu não disse isso em sala de aula porque provavelmente me chamariam de maluca e nunca mais trocariam sequer uma palavra comigo depois). Teve um debate na sala e etc... 

E enquanto o debate transcorria, eu olhava para cada um dos integrantes. Eles são muito bons na arte de debater, de argumentar, de ir contra a ideia do outro. Cara... ! Em discussões eu sempre perco a razão (e a linha), porque acho que sou muito mole pra argumentar com outra pessoa. E também porque... Pra quê vou gastar minha saliva e meu léxico com gente que discorda de mim, que acha que minhas ideias são idiotas ou absurdas demais? Discordâncias me irritam profundamente. Pra mim não faz sentido eu falar "A" e a pessoa dizer "B, C, D, E...".

A vida universitária está me mostrando que eu não tenho escapatória. Ou eu me curo ou eu me curo. A "forçação de barra" está, mais do que nunca, me esmagando. Não tem jeito, tenho que ser "legal" com todo mundo, tenho que sorrir quando falam comigo, tenho que esconder quem eu realmente sou.

Olha, a culpa é toda minha, não se preocupem. Eu não culpo ninguém pelo o ser humano falho que eu sou.

Nesses meses de faculdade, dois moços falaram comigo. Pareciam que queriam saber o que eu tanto escondo dentro de mim, porque me faziam perguntas do tipo "Ah, mas por que você é assim?", "Ah, eu não entendi o seu conceito disso ou daquilo outro...", "Mas quem foi que te disse que você é feia?!". Das duas vezes, eu evitei olhar pra cara dos indivíduos. Já falei que pessoas me intimidam, principalmente quando olham nos meus olhos. E por causa das perguntas bestas que eles me fizeram, senti uma vontade de bagunçar suas caras. Caralho... É faculdade ou é clínica psiquiátrica?! Pagar um novo psiquiatra pra mim ninguém quer né?

E no trabalho as coisas transcorrem normalmente. Eu fico lá no meu cantinho e pronto.

I <3 cantinhos.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Hiato II

Primeiramente, feliz ano novo. Atrasadíssimo, como podem ver.

Bom, eu fiquei esse puta tempo sem escrever nada aqui porque enfim... Não, não foi a vida que me fodeu e que me desanimou. É a falta de tempo. Explico.

Comecei a fazer a faculdade. UAU A PAULA TÁ FAZENDO FACULDADE, FINALMENTE PUTA QUE PARIU UHUL... Felicidade e blá blá blá, certo? Não. Não é bem assim.

Confesso, de todo o meu pobre, dilacerado, despedaçado, gangrenado e fodido coração, que não está sendo uma fase legal para mim. Sabe como é né... Essa depressão que vai e volta na velocidade da luz como bumerangue supersônico. Nunca sei quando eu estou bem e quando eu estou indo. Sinto que nunca estou feliz, principalmente comigo mesma.

E como eu não tenho uma pessoa física com quem desabafar no momento (estou sem ir ao psiquiatra e isso tá me incomodando profundamente), estou recorrendo à este precário blog.

Todos as noites quando volto da faculdade, fico refletindo sobre a minha vida nesses últimos meses, desde que comecei a faculdade. Faço uma reflexão sobre os amigos que ainda não fiz (amigos mesmo, não colegas de classe), sobre as notas ruins que tirei, sobre a roupa que eu estou usando. E parece que nada orna. Nada mesmo. O vidro da janela do Metrô, todas as noites, mostra a Paula do ano passado, que só chorava e chorava e chorava. E aí eu volto uns anos atrás e lembro daquela Paula aos doze anos de idade, que começou a ficar muito confusa, muito feia, muito vítima de bullying.

E aí uma coisa leva à outra, e leva à outra, e leva à outra... E parece que a qualquer momento, na noite seguinte, fico prestes a pular na via lá da estação Ana Rosa, na hora em que o trem estivesse se aproximando.

Daí tudo me leva a crer que a Paula dos anos passados, mesmo fazendo faculdade e trabalhando, ainda não saiu de mim. Ainda me afeta como uma espécie de doença. Depressão é uma doença. Mas nem todo mundo encara assim. Minha mãe com certeza ainda acha que é frescura e corpo-mole.

E honestamente? Mas honestamente mesmo? Me sinto morta por dentro. Parece radical, cruel e nojento, mas é assim mesmo. Como um romance naturalista agregado à uma obra cubista feat. expressionista.

É triste pensar dessa forma, ainda mais uma pessoa como eu, que ainda tem uma caralhada de vida pela frente. E isso que me dá mesmo. Essa longa vida. O que farei? Me pergunto se conseguirei ser uma jornalista formada. Hoje por exemplo me senti bem mal porque acho que o professor não curtiu o trabalho que fiz com um grupo. Estou me odiando por dentro até agora. Críticas me desmoronam, e isso me faz um ser humano bem idiota e difícil de lidar.

Olho para o escuro do túnel do Metrô pela janela e me questiono o tempo todo: o que é essa tal de felicidade? Como é ser feliz? Como é sorrir com a alma? As pessoas no Metrô me parecem bem felizes. Principalmente os jovens que voltam da faculdade no mesmo horário que eu. Falam de suas baladas inesquecíveis, de seus amores, de seus sonhos. Esses jovens me parecem tão radiantes, tão seguros de si... Claro, ainda acredito na "falsa felicidade", mas na situação em que eu estou, todo mundo é mais feliz do que eu.

Costumo me sentir deslocada de tudo e de todos. Me incomoda, cara! Me incomoda muito! Mas parece que quanto mais eu luto, mais eu me vejo previamente derrotada nessa batalha contra mim mesma.

Meu coração parece que vai explodir com tanta coisa ruim guardada. E às vezes, eu só precisava conversar com alguém que estivesse disposto a me ouvir (fora um novo psiquiatra), um coração aberto, uma mente aberta para me entender, sem pronunciar a palavra "frescura" durante a conversa.

Acho que o pior sentimento do mundo é o conformismo. Se conformar com a vida inodora, incolor e insípida que me rodeia. Se conformar com os fatos, por mais desagradáveis que sejam. Se conformar com a desesperança, o desespero, o desamor. Se conformar com as garotas mais bonitas, mais inteligentes e mais felizes do que eu. Se conformar com os olhares tortos e desconfiados sobre mim. Se conformar com o fato de que os garotos preferem loiras (outras) morenas e ruivas do que eu. Se conformar com a perda de peso mais que preocupante. Se conformar com o cabelo estranho, a face estranha, o corpo estranho. Se conformar com o espelho que me mostra a dura verdade da minha estética (ou que me distorce). Se conformar com a ansiedade.

Se conformar com a vida.