Disse para a amiga parar o carro em frente ao bar que havia na beira daquela estrada. Ela a princípio discordou, desconfiou quando viu a fachada nada amigável do local, mas a insistência da outra venceu todas as suas opiniões severas sobre aquele bar. Estacionou o carro de qualquer jeito e saíram caminhando em direção à porta de madeira, que estava escancarada e desgastada pelo tempo e pelas marcas que ela julgava serem marcas de tiros. Um arrepio lhe correu pela espinha.
Mal entraram no tal bar e sentiram muitos olhares pesando sobre elas. Olhares masculinos em sua maioria. Alguns amigáveis, outros perversos e outros tantos pervertidos. Só umas duas mulheres, igualmente rechonchudas e estampando desprezo no olhar, estavam sentadas em uma das mesas.
Entraram rapidamente sem olharem para os lados. Passou a xingar a amiga de vários palavrões inimagináveis silenciosamente enquanto seus passos se apressavam diretamente para o balcão, seguidas por cantadas e assobios de homens bêbados.
"Podia ter escolhido outro bar mais decente", disse Carol, ligeiramente irritada com os galanteios alcoolizados dos machos do lugar.
"Só uma garrafa de cerveja e damos o fora daqui. Eu preciso molhar o bico, estou sem beber há dias", retrucou Sylvia, quebrando sua promessa de fim de ano, de que nunca mais beberia no ano seguinte.
Sylvia fez o pedido, enquanto Carol esperava junto, com o rosto escondido pelos cabelos longos, na intenção de não olhar para ninguém dali. E não ser notada mais. Enfim, não adiantou.
Um rapaz igualmente bêbado se aproximou das moças no balcão. Um cara desengonçado e falando mole por causa do álcool, mas ambas não deixaram de notar o quanto ele era... Atraente. Apesar de bêbado.
"Bonitinho, não é"? Sylvia brincou, rindo muito, apoiando o rosto em uma das mãos.
"Bonitinho, mas cheira a álcool" a outra responde, rezando para que o rapaz logo saísse de perto dela.
"Hmmmm raramente vejo moças tão... Tão bonitas... Nessa merda de lugar..." o homem disse, encostando o braço no balcão, muito próximo de Carol, que começava a se irritar novamente.
"E eu espero realmente nunca mais voltar aqui" Carol soltou, esperando que o moço se tocase de que a sua presença não era agradável por ali. Bom, pelo menos para Carol.
"Não ligue para ela amigo... Ela não está acostumada a se aventurar por aí comigo" a amiga Sylvia, desinibida que era, ficou entre Carol e o homem, querendo algum tipo de conversa.
A amiga tentou dizer algo, mas a outra ignorou. Era o preço que estava pagando por aceitar viajar por aí com uma amiga como Sylvia. Aceitou, agora teria que aguentar as consequências.
Mas longos minutos depois Carol estava rindo daquilo tudo, do moço bêbado, de Sylvia, das mulheres gordas, de todo aquele ambiente pífio. O homem ofereceu-se a pagar todo o tipo de bebida que elas quisessem e Carol tomou algumas doses - quer dizer, fingiu tomar, mais uma vez por conta da insistência da amiga que já apresentava os primeiros sintomas de fingida embriaguez.
Depois de algumas risadas e algumas coisas sussurradas nos ouvidos das moças, o moço sugeriu que saíssem daquele lugar e fossem para outro, mais "divertido". Sylvia já desabotoava o casaco jeans e deixava a mostra a blusa decotada que valorizava os seios volumosos e atraiam mais olhares.
Havia um motel próximo ao bar, por isso não sentiram necessidade de irem até lá de carro, até porque não tinham condições de dirigir. Nem se preocuparam com o carro à mercê dos bandidos que estariam disfarçados dentro daquele bar grosseiro.O moço apoiava os braços fortes nos ombros das moças, enquanto elas enlaçavam seus braços na cintura dele, andando desajeitadamente em direção ao motel. Um motel igualmente pífio como o bar quase ao lado. Os cantos das paredes mofadas e o balcão desgastado da recepção logo denunciavam que aquele motel de quinta não era nada legal. Sylvia adorou. Ela tinha um fetiche maluco com lugares de péssima qualidade.
Mal entraram no quarto e o rapaz sentiu ser jogado na cama. Sylvia já começava fazer uma espécie de dança sensual para ele, quando uma Carol desconfiada tocou em seu ombro.
"Espera aí... O que vamos fazer com ele?"
"Ora, o que acha que vamos fazer com ele?" Sylvia devolveu a pergunta com outra, um sorriso perverso desenhando-se em seus lábios finos. Foi andando em direção ao homem na cama. "Hey querido, tire essa sua roupa aí, nós TRÊS vamos brincar um pouco..."
Carol se assustou. Sexo à três? Ela nunca fizera sexo à três na vida, ainda mais com uma amiga envolvida. Ouviu um "Venha! Prometo que vai ser divertido... Além do mais, dane-se as regras, dane-se a religião, dane-se tudo, estamos sozinhas, somos adultas e vacinadas!" quando percebeu que Sylvia vira seu olhar de espanto com a sugestão. O moço estava lá, com as mãos no traseiro da amiga, beijando-a com volúpia, com ela devidamente sentada em seu colo, ajudando-o a tirar suas roupas.
Dane-se. Dane-se tudo mesmo.
E logo já estava no meio daquela brincadeira pervertida. Num determinado momento, Sylvia pediu para que a amiga vendasse os olhos do cara, já seminu. Carol atendeu o pedido, pegando seu próprio lenço do pescoço e cobrindo os olhos do homem. Ele soltou um grunhido de surpresa, mas estava tão bêbado que não estava com condições de questionar os atos das garotas. Nem o porquê delas estarem prendendo suas mãos na cabeceira da cama velha com as mangas longas de sua camisa. Carol esperou mais algum ato depravado da amiga, mas viu que ela saiu da cama e estava com as calças do rapaz nas mãos num canto do quarto.
Sylvia pediu para que o moço esperasse mais um pouco, que logo logo teria uma ótima surpresa e chamou a amiga com um aceno. Carol se aproximou e viu que Sylvia estava com a carteira do homem na mão.
"Isso dá pra pagar a gasolina e algumas coisas mais!" Sylvia sussurrou para Carol, segurando a gargalhada.
"Mas... Nós não... Não iríamos..."
"Eu odeio bafo de cachaça nessas horas... E ele está tão bêbado que nem conseguiria enfiar direito esse pinto em nós" debochou a outra, ainda segurando o riso e contando o dinheiro na carteira. "E eu jamais te enfiaria numa cilada dessas né...".
Carol sorriu. Sylvia deu uma desculpa qualquer para o pobre homem, enquanto ambas arrumavam suas roupas e saíam do quarto de fininho, com a carteira do homem debaixo da blusa de Sylvia e sorrisos estampados nos rostos.
Motéis de quinta eram realmente divertidos.
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